OLÁ, TUDO BEM!!!!

OLÁ, TUDO BEM!!!!

a praça

a praça

praça matriz

praça matriz

SEJAM BEM VINDOS!

SEJAM BEM VINDOS!
A ESTE BOLG

MEMORIAL





MEMORIAS DE LUÍS ROCHA


Apresentação



Este texto contém relatos de minha vida pessoal, que vai de fragmentos que recordo da minha  infância até os dias atuais,ou seja, minhas vocações, meus sonhos e minhas aptidões artísticas . 
José Luís da Silva Rocha, mais conhecido como Luís Rocha nasceu no município de Tapira, estado do Paraná no dia 06 de março,1968. Filho de pequenos agricultores o Sr José Rocha que é mineiro e de dona Natalina da Silva Rocha que  nasceu no estado de São Paulo sendo minha mãe filha de baianos.Somos em  oito irmãos, sendo duas mulheres e cinco homens, dos quais eu sou o segundo filho mais velho.

Infância

Os relatos artísticos  que guardo em minha memória do meu tempo de criança são apenas fragmentos. Nasci na zona rural em um lugar isolado com cerca de 18 quilômetros da cidade, cidade esta que não guardo nenhuma lembrança.
 Até aos seis anos de idade moramos no povoado conhecido como Noventa no município  de Tapira às margens do rio Ivaí. Lembro-me que eu gostava de caçar tatu e de arrancar minhocas nos lugares úmidos com os meus coleguinhas para depois pescarmos com anzol,e, nesta fase da vida meu grande sonho era ser um pescador.
 Numa destas escavações a procura de minhocas com a minha irmã mais velha,  ficou  em minha memória e marcou para sempre na vida de um de meus irmãos. Foi um acidente nas escavações de minhocas, onde minha irmã acidentalmente acertou uma enxadada na mão de meu  irmãozinho e ele perdeu a cabeça de um dos dedos das mãos. 
Quando tinha aproximadamente  sete anos de idade mudamos para o município de Itaquiraí no estado do Mato Grosso do Sul, também na zona rural, quando me ingressei na escola que ficava a aproximadamente quatro quilômetros de minha casa. Percurso este que era feito a pé todos os dias e não tínhamos nem um radio, nem relógio para nos orientar o horário certo de ir para escola. Foi muito sofrido, pois meus pais eram de baixa renda e muitas vezes fui para a escola de pés no chão por não ter um calçado para calçar e algumas vezes de barriga vazia, e até mesmo sem material e às vezes só escrevia quando a professora ou os coleguinhas me dava uma folha de papel.
Quando chegávamos da escola tínhamos que ir para a roça ajudar o nosso pai que, quando nos pegávamos brincando ou brigando era aquela surra. Às vezes quando meu pai estava longe nos montávamos em um galho de pau o qual dizíamos que era o nosso cavalo ou pendurávamos em um cipó e ficávamos balançando o qual era nossa diversão que muitas vezes era surpreendida com o chicote de meu pai. Mas apesar de tudo, brincávamos à noite de caçar vaga-lumes, onde me lembro que em uma noite escura acertei uma cacetada em um senhor que ia chegando em nosso barraco à noite com um charuto na boca o qual foi confundido com um dos  vaga- lumes.
Aos 10 anos conclui a  4ª série e em relação a arte não recordo nenhuma obra artística produzida por mim,ou seja, não tinha nenhuma intimidade com a arte. A única habilidade que eu tinha era com o cabo da enxada, embora tinha uma vontade tremenda de continuar com os meus estudos que meus pais já achavam que era o suficiente para um filho de agricultor sem-terra.
No ano seguinte para minha grande tristeza fiquei sem estudar porque a fazenda em que nos morávamos nos deu aviso de despejo e deveríamos sair daquela propriedade em um tempo determinado. Foi quando o INCRA nos trouxe do Mato Grosso do Sul para tomarmos posse de um lote aqui em Serra do Ramalho o qual se realizou o sonho de meu pai de possuir um pedaço de terra.
Eu me consumia por dentro, por estar longe da escola e trabalhando sol a sol no cabo da foice para preparar o terreno mais meu pai.

Adolescência

No ano seguinte para minha grande alegria voltei a estudar no período noturno, pois  tinha que ajudar o meu pai.   E era preciso  levantar da cama de segunda a sábado  no raiar do dia e fazer o percurso de 6 quilômetros  de pé até nosso sítio e, trabalhar o dia todo e no cair da tarde fazer o mesmo percurso de volta.
Muitas vezes o cansaço me consumia e eu dormia na sala e  não via a sirene anunciar a quinta aula. Após uns dois meses de estudo fui forçado pela nossa condição financeira a me afastar da escola, porque meus pais não podiam comprar o meu uniforme. Lembro-me que ia para a roça mais o meu pai, e quando se dava conta de mim eu estava em lágrimas por me ver longe da escola  e via que ali na roça eu não teria nenhum futuro promissor.
 Gostava muito de ler a bíblia, e aos domingos ia para o catecismo e, com cerca de doze anos fiz a primeira comunhão.
Aos domingos também gostava de jogar uma pelada ali mesmo na rua com os meus coleguinhas ,embora não tivesse muita intimidade com a bola esta era a única opção de lazer.
Estudei de 5ª a 8ª série na Escola Castro Alves,  ou seja, de 1980 – 1983 onde minha rotina era  da escola para a roça e não conhecia nenhuma cidade vizinha. Neste período de escola sempre fui retraído, tímido e de pouco diálogo.
As disciplinas que eu mais tinha afinidade eram geografia e ciências. E a disciplina que  eu mais detestava por incrível que pareça foi a disciplina de Educação Artística. Pois eu não tinha habilidade  de fazer dobraduras ou desenhos.
Acredito que uma das causas que  me fez  ter horror por educação artística foi uma professora que trabalhava com esta disciplina,e  que quando se falam em educadores incompreensíveis descomprometidos com a educação só  recordo desta infeliz professora que plantou em mim esta repulsão por educação artística.

Juventude

Após concluir o 1º grau novamente fui obrigado a interromper meus estudos, pois por aqui o ensino era apenas até este grau de escolaridade. O segundo grau tinha apenas em Bom Jesus da Lapa com  o magistério  e agropecuária em Santa Maria da Vitória.  E para  continuar os estudos em uma dessas localidades era preciso morar em uma república de estudantes e arcar com todas as despesas, algo que para meus pais era impossível pois repito eram analfabetos de baixa renda e tinham mais sete filhos além  mim para dar o sustento, o qual eu também era o seu braço direito no trabalho.
No ano seguinte comecei a estudar datilografia que logo foi interrompido no quarto mês por esta escola ter fechado por falta de alunos.
Minha esperança de estudar em uma escola regular estava se desfalecendo e não estava conformado com o 1º grau, foi quando resolvi fazer um curso a distância. Então fiz o curso  de Contabilidade Prática.
Um ano depois tivemos uma boa safra de algodão eu era um habilidoso colhedor de algodão que colhia ate 10 arrobas deste produto por dia cerca de três vezes mais que um colhedor normal. Neste mesmo ano meu pai comprou um carro no qual aprendi a dirigir e com ele transportava passageiros como padres, enfermos para cidade vizinha, ou seja, uma espécie de taxista,mas pouco tempo depois meu pai vendeu- o.  

Maturidade

Aos 20 anos de idade casei-me  com Ivanete e continuei cultivando a terra. Desta união tivemos três maravilhosos filhos: Luzinete, Lucas e Raquel família esta que é a razão da minha vida.
Após um ano de casado converti ao protestantismo na Igreja Assembléia de Deus a qual fé profetizo até os dias de hoje.
Continuei trabalhando na roça durante oito anos para sustentar a minha família e passando   por muitas privações pois a lavoura de algodão que era a nossa única fonte de renda tinha entrado em crise por causa da proliferação do bicudo.
Por este município ser carente de profissionais qualificados comecei a trabalhar como professor leigo na educação, o qual foi o maior desafio já por mim enfrentado, mas entre muitas criticas eu venci.
 Logo em seguida fiz o curso de proleigos para professores leigos e me habilitei para ensinar nas series inicial.
No ano 2000 prestei  o exame seletivo para um contrato temporário no Censo do IBGE no qual em nosso município para surpresa de muitos  consegui a segunda colocação. No concurso seletivo do município fui colocado entre os primeiros.
Na área da educação já atuo como professor de primário na 4ª série, no ensino médio atuei como professor de matemática, geografia, história, física e química. Trabalhei também como porteiro e bibliotecário na escola Castro Alves.
De toda esta área educacional pela qual perpassei a que adquiri mais habilidade foi como professor de química no ensino médio. Como professor de química participei com os meus alunos de varias feiras de ciências incentivando-os a demonstrar suas habilidades artísticas além de demonstrações com varias experiências.
Embora como estudante, nunca fui destaque no desfile em comemoração à independência do Brasil, em 7 de setembro, só participava como marchante. Mas, hoje como educador quando a escola comemora a independência do Brasil sempre faço questão de coordenar um pelotão. E sempre como educador incentivo os meus alunos a demonstrarem os seus talentos nos eventos desenvolvidos ou apoiados pela a escola. 

E no vestibular da UNEB para ingressar neste curso entre mais de seiscentos candidatos ocupei o oitavo lugar.
No ano 2000 sentindo a necessidade de  se atualizar com a revolução tecnológica na era da informática,fiz  então o curso de computação e ajuntei minhas economias para comprar um computador para minha família.
Hoje sou um pequeno criador e produtor de leite e a minha luta pela sobrevivência inicia às quatro horas da madrugada quando levanto para ordenhar minhas vacas para ajudar no orçamento. E atuo no período matutino ensinando na 4ª série, por exigência da universidade, e no período noturno com o segundo grau ensinando química, disciplina  esta que tenho adquirido afinidade. E o meu sonho como educador é fazer licenciatura em química ,embora já tenho tentado quando prestei vestibular recentemente. Fui aprovado entre os primeiros, mas foi cancelado por a faculdade não ter conseguido formar uma turma  com esta disciplina.

Considerações

Considero me  um verdadeiro artista neste palco da vida, embora não tenho nenhuma afinidade com as artes plásticas, musicas etc. mas consegui dobrar grandes dificuldades em minha vida e formar uma família maravilhosa da qual tenho orgulho. Toda a vitória, que tenho conseguido até este momento, agradeço ao Arquiteto Supremo do Universo.